Por Fernanda Pressinott e Fernando Lopes

 

A Monsanto informou ontem que desistiu de engendrar esforços para adquirir a Syngenta. A transação resultaria na criação da maior empresas de sementes e defensivos agrícolas do mundo, com um valor de mercado próximo a US$ 100 bilhões.

 

A multinacional americana surpreendeu o mercado no início de maio ao apresentar uma oferta hostil de cerca de US$ 45 bilhões pela rival suíça, e até a semana passada, quando elevou a proposta para quase US$ 47 bilhões, manteve viva a expectativa de fechar o negócio.

 

Diante da resistência também hostil do conselho da Syngenta ao assédio, a Monsanto jogou a toalha. Em comunicado, voltou a destacar os benefícios que a união traria e sinalizou que buscará oportunidades de crescimento a partir dos negócios que já tem.

 

Em 2014, a receita líquida global da companhia, com sede em St. Louis, no Estado do Missouri, alcançou US$ 15,9 bilhões, 6,7% mais que em 2013, e a última linha do balanço apontou lucro líquido de US$ 2,7 bilhões, 10,4% maior na comparação.

 

Da receita total, 65% foram geradas pela divisão de sementes. Em contrapartida, 75% da receita líquida global de US$ 15,1 bilhões da Syngenta em 2014 (3% maior que a de 2013), quando a suíça registrou lucro líquido de US$ 1,6 bilhão, veio dos defensivos. Daí a complementaridade que motivou a investida da múlti americana.

 

Mas, ainda assim, não seria mesmo uma transação aprovada com facilidade pelos órgãos antitrustre dos principais mercados em que ambas atuam. Inclusive no Brasil, onde as companhias têm forte participação e disputam, com outras empresas, o concorrido mercado de defensivos.

 

Conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), as vendas de defensivos somaram US$ 12,2 bilhões no mercado brasileiro, o maior do mundo, em 2014. Fontes consultadas pelo Valor estimam que a Syngenta tenha respondido por US$ 2,2 bilhões desse total, e que a Monsanto tenha ficado com US$ 610 milhões.

 

Especialistas acreditam, contudo, que a tentativa frustrada da Monsanto, que precisa se fortalecer na área de defensivos, é apenas o primeiro capítulo de uma história que fatalmente terminará em uma maior concentração nesse mercado.

 

Lembram que houve especulações de que a alemã Basf também poderia fazer uma oferta pela Syngenta. E que a Monsanto já indicou que, uma vez desprezada pela Syngenta, poderia cortejar a área de defensivos da também alemã Bayer.

 

Fonte

Valor

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