De acordo com o pesquisador da Embrapa, um dos erros mais cometidos no controle de pragas é a chamada “aplicação preventiva”, com inseticida ou fungicida junto com produto contra plantas daninhas (Foto: Shutterstock)

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolvem um trabalho de monitoramento de pragas que, segundo eles, tem reduzido a aplicação de fungicidas e inseticidas. O estudo visa validar em uma plantação comercial resultados obtidos em áreas experimentais.

“Quando a gente fala de resultados de testes, o produtor questiona”, diz o pesquisador Rafael Pitta, da Embrapa Agrossilvipastoril, com sede em Sinop (MT). “A ideia é fazer o trabalho com o produtor, em uma situação real.” 

De acordo com o pesquisador, um dos erros mais cometidos no controle de pragas é a chamada “aplicação preventiva”, com inseticida ou fungicida junto com produto contra plantas daninhas. Outro é o controle inadequado do volume a ser usado na lavoura. 

A dificuldade de se identificar e separar as espécies que atacam as plantações é outro problema, segundo Rafael Pitta. “É o que está acontecendo agora com a helicoverpa. É de difícil identificação e a gente vê que, no susto, o produtor acaba aplicando de forma inadequada procedimentos de controle.” 

O trabalho feito pela Embrapa Agrossilvipastoril alia o controle por produtos químicos e conceitos do chamado manejo integrado de pragas. O pesquisador explica que na parte biológica do processo, no entanto, não são liberados inimigos naturais. Apenas procura-se preservar os já existentes na área. 

A definição do processo de controle é feita, diz o pesquisador, no que ele considera uma margem de segurança em relação à situação de dano econômico (quando o custo para combater a praga é igual à perda que ela causa). “Se não houver uma margem de segurança, pode ser perigoso”. 

A propriedade escolhida para a pesquisa, no município de Sorriso (MT) tem 2,2 mil hectares. Um talhão de 50 hectares está sendo monitorado pela terceira safra seguida. Segundo o pesquisador, o trabalho é em parceria com o próprio produtor, que monitora a área com apoio técnico da Embrapa. 

Segundo Pitta, já no primeiro ciclo de soja (2011/2012), a parte monitorada recebeu apenas uma aplicação de inseticidas enquanto a outra recebeu quatro. No caso dos fungicidas, foram duas aplicações a menos na área pesquisada: três contra cinco. 

A produtividade média foi a mesma, em torno de 57 sacas por hectare. “Produz a mesma coisa com custo menor para o produtor. O foco é a produção sustentável do ponto de vista financeiro e ambiental”, explica. 
No ciclo seguinte de soja (2012/2013), o uso de inseticidas foi menor mesmo com a aparição da lagarta helicoverpa. Foram duas aplicações de produtos a mais na parte da lavoura onde foi usado o manejo convencional. Para a safra 2013/2014, diz ele, o monitoramento segundo as recomendações do estudo já deve ser feito em uma área da propriedade além da pesquisada. 

“O que precisa é o produtor ver que funciona e que ele pode ser o operador do experimento. E o acompanhamento de um técnico é importante para ajudar nesse monitoramento”, recomenda o pesquisador da Embrapa.

Fonte

Revista Globo Rural

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