Nos solos altamente intemperizados o fósforo apresenta intensa relação com os constituintes mineralógicos. Essa interação é maior em solos argilosos. Esse fato faz com que a maior parte do fósforo esteja adsorvido fortemente, tornando-se indisponível às plantas. A capacidade de solos, de região de clima tropical e subtropical, em adsorver fósforo é em média 1.000 vezes maior que a adubação fosfatada, geralmente aplicada, implicando que, em condições naturais, existe uma tendência à deficiência desse elemento.

Na fertilidade, o nível crítico de um elemento nutriente é tido como uma concentração desse nutriente no solo que proporciona uma produção relativa entre 75 e 100 %, dependendo das condições de resposta da cultura. Com isso, espera-se maior nível crítico em solos que adsorvem mais fósforo, pois se o solo adsorve mais, menos ficará disponível as plantas. No entanto, o oposto é o que ocorre. Os solos que apresentam baixa capacidade de adsorver fósforo apresentam maior nível crítico. Ou seja, solos mais arenosos precisam ter uma concentração de fósforo maior para o nível no solo ser considerado bom ou adequado. Como exemplo, pode ser destacado que o nível bom em um solo com 60% pode ser de 4,4 mg dm-3, enquanto que em um solo com menos do que 15% de argila pode ser 21,5 mg dm-3.

Esse fato esta relacionado à maior eficiência de utilização e absorção que a planta pode apresentar sob condições de baixa concentração do elemento na solução do solo. De modo geral, as plantas apresentam diversas formas de amenizar os problemas decorrentes da deficiência de fósforo (P). Genericamente, as duas principais são:

1) Alterações que objetivam a conservação ou economia do uso de fósforo
a. Decréscimo na taxa de crescimento – a planta cresce menos e com isso utiliza menos P;
b. Aumento do crescimento por unidade de fósforo absorvido – para cada kg produzido é necessário uma quantidade menor de fósforo;
c. Remobilização de P internamente – o fósforo sai de locais onde seria armazenado e vai para outros onde será utilizado;
d. Menor armazenamento de P – reduzido armazenamento e maior utilização.

2) Alterações que aprimoram a aquisição ou absorção de fósforo
a. Secreção de fosfatases – enzimas que atuam disponibilizando o P no solo;
b. Exsudação de ácidos orgânicos – ácidos orgânicos podem complexar o P de forma que a planta pode absorver;
c. Aumento da área explorada de solo pelas raízes – com uma maior área explorada existe uma maior possibilidade de as raízes encontrar o P nos solos;
d. Maior expressão de transportadores de P – transportadores são proteínas presentes na raíz que carregam o P do solo para a raíz.

Além dessas alterações, podem ocorrer associações micorrízicas simbióticas aumentando a área de exploração do solo e liberando fosfatases. Como o fósforo é um elemento que chega à raiz predominantemente por difusão, fatores como o maior crescimento de raízes podem ser muito importantes.

O P tem um comportamento distinto dos outros nutrientes, que tendem a apresentar nível crítico maior em solos com maior fator capacidade. O conhecimento do comportamento do fósforo no solo e na planta tem importância fundamental no manejo da adubação fosfatada, já que, a eficiência da utilização do P pelas plantas varia com a capacidade do solo em adsorver fósforo.

Maiores informações podem ser consultadas em uma breve revisão sobre o tema publicada pelos autores, nos link: http://zip.net/bsmLKL e uma revisão mais completa publicada por Carroll P. Vance em 2003, no link: http://zip.net/bymLYR.

Fonte

Portal Dia de Campo

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